domingo, 31 de julho de 2011

Sony, a babá

A babá da minha filha Aninha é uma figura! O nome dela é Sony. Ela é super na dela e muito competente no que faz, disso não posso reclamar. Ela me deixa super segura, principalmente à noite. É que às vezes estamos cansadas e o sono é pesado, pode ser que a gente não escute o choro do bebê, mas com a Sony por perto fico tranqüila, qualquer choramingo da Aninha ela avisa. Ela está conosco desde o nascimento da nossa pequena.
Mas Sony é só babá mesmo, não ajuda em nenhuma outra tarefa de casa, nada. Passa o dia todo me olhando andar pra lá e pra cá, com aquele ar meio soberbo como se soubesse a hora exata em que minha filha irá chorar. O pior é que estranhamente ela sabe mesmo, mais que eu que sou mãe, isso me aborrece um pouco. Outra coisa que me irrita bastante na Sony é uns sons estranhos que ela faz, tipo ruído de avião, e também aquele som de interferência de celular. E quando estou ouvindo música? Ela cisma em cantar junto, sabe todas as letras e imita até os instrumentos, que raiva. Pode ser implicância minha, mas às vezes eu pego ela me olhando sinistramente com uma expressão assim como quem diz: ‘Aninha pode chorar a qualquer momento, mas não foi desta vez’!
Numa destas madrugadas em claro, de chororô sem fim da Aninha, ela estava comigo o tempo todo, me fez companhia na angustia de não saber o motivo do choro. Lá pelas três da manhã, depois de muito desespero, depois de rezar para todos os santos, e de tentar de tudo, da troca da fralda à chupeta de funchicória, quando eu quase caía exausta, Aninha finalmente adormeceu. Fui aliviada dormir e sabia que a Sony estaria atenta por mim, a pilha dela é forte, agüenta a noite toda! Mas antes que eu me deitasse e apagasse a luz do abajur ao lado da minha cama, ouvi a Aninha rindo, e a Sony sussurrar alguma coisa, num timbre de voz igualzinho ao da minha já falecida e querida mãe. Era como um resto de frase que poderia ter sido: ‘Durma bem meu amor’! Aquilo me deixou arrepiada! Olhei pra Sony admirada e ela muda, imóvel, como se não tivesse dito nada. Fui, com um certo medo, até o quarto da Aninha e ela estava no berço bem serena, linda, dormindo como um anjinho, tranquila como se estivesse mesmo sob o olhar protetor e carinhoso da avó. Bom, ainda bem que a Sony nunca mais resolveu imitar a voz da minha mãe, eu hein? Mas também pode ter sido coisa da minha cabeça, efeito de tamanho cansaço e estresse daquela noite.
Enfim sou grata à Sony, mesmo com suas esquisitices, ela é fiel, obstinada, séria e até hoje nunca me decepcionou, nunca ficou sem energia, está sempre alerta, seja dia ou seja noite! Só quem já precisou de uma babá para ajudar com os filhos entende o que é a Sony pra nós. O meu marido é que vive se confundindo e a chama de secretária eletrônica! É engraçado, mas Sony é babá!