terça-feira, 25 de outubro de 2011
Águas do Lenheiro
Quisera eu parar o tempo, estando no meio da ponte dos Suspiros, em noites de luar, e contemplar o brilho oscilante dos reflexos em tuas águas! Em harmonia e como testemunhas, os prédios da Câmara e Prefeitura, mais atrás as palmeiras do Centro Cultural do 11º-BI. Se por descuido lhe deixar cair uma lágrima de saudade, de tristeza ou de felicidade, favor conduzi-la ate o mar para que seja uma eterna prova das emoções vividas aqui. Apascenta alguma angustia minha com o burburinho de sua pequena queda ao declinar junto com a avenida, no coração de São João.
Corre córrego do Lenheiro, passa dia e noite sem pedir licença e sem cessar, desde a nascente na Serra ao desaguar em outras águas. Vedes os filhos desta terra de geração em geração, daqueles garimpeiros que de teu misterioso âmago fez surgir ouro, àqueles que inconfidente, presidente, ou simples gente somente sonharam.
Tento acompanhar-te no olhar a deslizar por este verdejante leito, placidamente, ou por vezes mau caráter, abundante e indignado quando lhe ordena os céus! Poluentes e detritos não te tirem a perenidade nem a saúde de teus peixes, nem a transparência de sua alma. Que terras clandestinas não te assoreiem as margens e percurso. Sejais sempre teimosa serpente enveredando por estas vertentes, buscando algum sentido. És encantadora praia ao nosso modo são-joanense de enxergar, inspiração das brumas de inverno e razão destas imponentes pontes de pedra com arcos romanos. Pra findar o Tijuco, te atravessa Rosário e pra reviver a lenda de quem assenta, Cadeia!
No teu destino, segues dividindo, segregando, rasgando, partindo ao meio minha cidade, és dela o sangue, a seiva, a vida que não ousou jamais descansar!
Ah, pouco me importa se és um moleque filete d'água e não há barcos charmosos a desfilar sobre tuas águas como no Sena, mesmo assim São João del Rei é, e sempre será, minha cidade luz!
É somente nas tuas águas Lenheiro, que mato minha sede de viver!
Foto 1: Luar e Córrego do Lenheiro por José Antônio de Àvila Sacramento
Foto 2: Ponte da Cadeia por Bárbara Diláscio
Assinar:
Postar comentários (Atom)
É tão bom qdo passo por aqui!
ResponderExcluirDelícia de texto.
Bjokas...
Ps: tá quse na hora do niver...eeeeeh!!!
amei!!!
ResponderExcluirValeu Babi!!! Bjos
ResponderExcluirBelíssimo texto!!! Belíssima São João del-Rei!!! Saudade dessa terra querida...
ResponderExcluirValeu Sil!!!
ResponderExcluirAdriana, para matar as saudades, volte sempre!
Lindo!!! Arrasou mulher dos 36!!! Bjo grande
ResponderExcluirMaravilhoso KK, confesso que revivi parte da minha história, porque ali, nas margens do Lenheiro que nasci e fui criado. Parabéns duplo, grande abraço.
ResponderExcluirGuilherme
Obrigada Guilherme! Que bom que gostou! Bjos
ResponderExcluir