Belo Horizonte: A silhueta dos prédios na avenida Raja Gabaglia com o pôr do sol. Belo! Sion e três vezes Santo Antônio. Meu irmão e o Mineirão. Doloroso e solitário. Talvez por ser a primeira, talvez por estar tão perto de São João del Rei, mas a capital mineira foi para mim árdua adaptação. Mas eu fiz quatro intensas e perpétuas amizades: Angélica, Denise, Márcia e Juliana! Aprendi a comer brócolis com a Josi, estudei publicidade, jornalismo e ganhei diplomas.
Resende: As águas ligeiras do Rio Paraíba do Sul vistas da minha janela. Da minha janela os carros velozes da Via Dutra. A vida não pára e a Dutra também não. Ao redor, altas montanhas e a cidade de Penedo com colonização Finlandesa. Na sala do apartamento pintei uma parede de verde. Fiz duas ou três amizades, aprendi fazer desenhos com o CorelDraw, aprendi um pouco de francês.
Lorena: Como a gente foi parar naquela cidade, onde ficava? Ficou saudades pra mim! Eu adorei aquele lugar pacato do interior de São Paulo. Ali parou para descansar o bendito desbravador taubateano Tomé Portes del Rei, para seguir para as Minas Gerias, e depois fundar São João del Rei. Carrego comigo o gosto do pastel de nata, o ar fresco que corria na casa antiga de teto alto e grandes janelas, a amizade de Marlene, e a sabedoria de gente simples que me ensinou a bordar. Fiz mais uma ou duas amizades e com Betina aprendi que calda de chocolate fica mais suave com creme de leite! Continuei a aprender francês. Na sala eu pintei uma parede de verde, no quintal derrubamos o muro que tampava o jardim, plantei grama e hortelã. O quintal era grande e vazio então veio o meu bulldog, Monti. E tudo ficou pleno. Um banheiro antigo cor de rosa, ficou suave e branco. As mangueiras por trás dos muros anunciavam as estações, o pé de acerola carregado de preciosos frutos adocicava com acidez o paladar, o meu coração provou do sossego como poucas vezes.
Rio de Janeiro: O subúrbio. Uma outra visão de cidade maravilhosa. Tudo longe e muito perto, minha prima amada. Eu tinha a praia, e almoços de domingo na sogra. Eu conquistei a mais importante das conquistas, uma amizade sincera e rica, uma alegria de viver ao lado de Priscila. Nas palestras do curso para ‘atualização da mulher’ aprendi muito mais que o ensinado, a lição foi dada pela convivência com outras meninas, de tantos outros lugares. Aprendi a correr, ganhei minha primeira medalha e um secador da cabelos.Na sala do apartamento eu não pintei uma parede de verde, porque seria só um ano.
Vila Velha: Linda! Tão sonhada... estou aqui agora! E posso fazer tudo diferente, embora já tenha pintado uma parede de verde e outra de lilás no quarto. Fizemos uma grande reforma, fiz uma ou duas amizades. Pratico Pilates, tenho a praia perto, a visão onipresente do Covento da Penha, muita poeira com minério da Vale, um vento desconcertantemente freqüente e um calor que eu adoro!
‘Nossa casa é nossa casa em qualquer lugar, basta fechar a porta’ disse uma vez um amigo também nesta vida de mudanças. Mas e nós? Somos os mesmos? Não desejo fechar a porta para os lugares em que habito. É preciso se doar, se reinventar, se deixar ser invadido, conquistar, passear por adjacências, conhecer gente, costumes, provar sabores. Aprendi que melhor que deixar paredes coloridas é deixar um pouco do que tem de bom dentro de si, dividir um ensinamento, um sentimento, e viver uma amizade com toda sua poderosa força! Essa amizade não é sempre que se encontra, mas me comprometo sempre a tentar!
Será que em algum destes lugares alguém aprendeu alguma coisa boa, tirada da minha essência? Deixei escapar algumas atitudes provenientes das minhas qualidades e será que alguém recolheu algo apropriado? E se eu, na condição de frágil ser humano, por ventura deixei cair de mim sentimentos pequenos, e provoquei mágoas e rancores, eu peço a Deus que eu não os repita jamais!
Sigo na mudança, para onde o destino convidar, na esperança de aumentar a fé e a generosidade, de deixar mais e poder voltar para minha São João del Rei com uma pesada bagagem de lembranças únicas e com o corpo leve. E eu rertornarei porque é em São João del Rei que está minha família, meus eternos amigos são-joanenses, meu lar sem paredes e portas. Onde eu caminho, respiro, e sorvo com toda força do meu ‘eu’ verdadeiro que está em cada esquina, em cada banco de igreja, em cada melodia ressonante do período colonial, nas montanhas do Lenheiro, o 'eu' mineiro sempre, intenso, sagrado e profano.
Resende: As águas ligeiras do Rio Paraíba do Sul vistas da minha janela. Da minha janela os carros velozes da Via Dutra. A vida não pára e a Dutra também não. Ao redor, altas montanhas e a cidade de Penedo com colonização Finlandesa. Na sala do apartamento pintei uma parede de verde. Fiz duas ou três amizades, aprendi fazer desenhos com o CorelDraw, aprendi um pouco de francês.
Lorena: Como a gente foi parar naquela cidade, onde ficava? Ficou saudades pra mim! Eu adorei aquele lugar pacato do interior de São Paulo. Ali parou para descansar o bendito desbravador taubateano Tomé Portes del Rei, para seguir para as Minas Gerias, e depois fundar São João del Rei. Carrego comigo o gosto do pastel de nata, o ar fresco que corria na casa antiga de teto alto e grandes janelas, a amizade de Marlene, e a sabedoria de gente simples que me ensinou a bordar. Fiz mais uma ou duas amizades e com Betina aprendi que calda de chocolate fica mais suave com creme de leite! Continuei a aprender francês. Na sala eu pintei uma parede de verde, no quintal derrubamos o muro que tampava o jardim, plantei grama e hortelã. O quintal era grande e vazio então veio o meu bulldog, Monti. E tudo ficou pleno. Um banheiro antigo cor de rosa, ficou suave e branco. As mangueiras por trás dos muros anunciavam as estações, o pé de acerola carregado de preciosos frutos adocicava com acidez o paladar, o meu coração provou do sossego como poucas vezes.
Rio de Janeiro: O subúrbio. Uma outra visão de cidade maravilhosa. Tudo longe e muito perto, minha prima amada. Eu tinha a praia, e almoços de domingo na sogra. Eu conquistei a mais importante das conquistas, uma amizade sincera e rica, uma alegria de viver ao lado de Priscila. Nas palestras do curso para ‘atualização da mulher’ aprendi muito mais que o ensinado, a lição foi dada pela convivência com outras meninas, de tantos outros lugares. Aprendi a correr, ganhei minha primeira medalha e um secador da cabelos.Na sala do apartamento eu não pintei uma parede de verde, porque seria só um ano.
Vila Velha: Linda! Tão sonhada... estou aqui agora! E posso fazer tudo diferente, embora já tenha pintado uma parede de verde e outra de lilás no quarto. Fizemos uma grande reforma, fiz uma ou duas amizades. Pratico Pilates, tenho a praia perto, a visão onipresente do Covento da Penha, muita poeira com minério da Vale, um vento desconcertantemente freqüente e um calor que eu adoro!
‘Nossa casa é nossa casa em qualquer lugar, basta fechar a porta’ disse uma vez um amigo também nesta vida de mudanças. Mas e nós? Somos os mesmos? Não desejo fechar a porta para os lugares em que habito. É preciso se doar, se reinventar, se deixar ser invadido, conquistar, passear por adjacências, conhecer gente, costumes, provar sabores. Aprendi que melhor que deixar paredes coloridas é deixar um pouco do que tem de bom dentro de si, dividir um ensinamento, um sentimento, e viver uma amizade com toda sua poderosa força! Essa amizade não é sempre que se encontra, mas me comprometo sempre a tentar!
Será que em algum destes lugares alguém aprendeu alguma coisa boa, tirada da minha essência? Deixei escapar algumas atitudes provenientes das minhas qualidades e será que alguém recolheu algo apropriado? E se eu, na condição de frágil ser humano, por ventura deixei cair de mim sentimentos pequenos, e provoquei mágoas e rancores, eu peço a Deus que eu não os repita jamais!
Sigo na mudança, para onde o destino convidar, na esperança de aumentar a fé e a generosidade, de deixar mais e poder voltar para minha São João del Rei com uma pesada bagagem de lembranças únicas e com o corpo leve. E eu rertornarei porque é em São João del Rei que está minha família, meus eternos amigos são-joanenses, meu lar sem paredes e portas. Onde eu caminho, respiro, e sorvo com toda força do meu ‘eu’ verdadeiro que está em cada esquina, em cada banco de igreja, em cada melodia ressonante do período colonial, nas montanhas do Lenheiro, o 'eu' mineiro sempre, intenso, sagrado e profano.
Foto: A parede pintada de verde da casa de Lorena-SP
olá KK,
ResponderExcluiradorei sua visita! será sempre bem-vinda!!
já havia passado por aqui, mas na correria do dia-a-dia...
acabei de passear com calma pelo blog: um sentimento gostoso como vento e chuva boa chegando do Lenheiros me lambeu. maravilha!!
voltarei!
grande abraço do conterrâneo aqui!
Obrigada por retribuir a visita! Abraços!
ResponderExcluirSabe Kkzinha que essa sua crônica me fez pensar um pouquinho tb na minha vida que tem muito em comum com a sua...
ResponderExcluirUltimamente ando somente preocupada com as "cores das paredes" de minha casa.
Para variar suas "letras" tocam fundo!
Te amo...
Ângelinha
Ainda não pintei nenhuma parede por aqui... mas tenho tentado "me doar, me reinventar, me deixar ser invadida" na esperença de um dia tb voltar pra terrinha ou, pelo menos, pra mais perto dela.
ResponderExcluirParabéns amiga!!!!
Babi e Angelinha...Obrigada por passarem por aqui!!! Amoooo!!! Bjão
ResponderExcluirKK,
ResponderExcluira crônica está linda e suave como você. Também tenho certeza que vc voltará para SJdRei e sei que este será um dia de felicidade intensa, para vc, sua família, seus amigos e para a cidade, que carece de filhos apaixonados como vc.
Também plantei hortelã, assim como cebolinha, salsinha, coentro, alecrim, manjericão e outras delícias. Começo hoje a preparar as mudinhas para te presentear, qdo voltar... assim crescerão bem rápido, a tempo de um chá, em frente às paredes verdes que terá. Bj
Raquel
Obrigada Raquel... E não tenha dúvida, eu vou cobrar esse chá!Hmmm...chá e boa companhia é tudo de bom! Bjão!
ResponderExcluirKK, vc escreve lindamente...fiquei extremamente emocianada com essa pequena história. E a nostalgia caiu aqui em casa...fiquei recordando os tantos lugares que já morei, as amizades q se perpetuam até hoje e as que foram só de momento, do sofrimento de sair de um lugar, da difícil adaptação em um lugar novo e da esperança de voltar pra junto da família. Nossa vida é assim, a gente leva um pouco desses lugares, dessas pessoas e deixa um pouco de nós. Beijinhos e escreva sempre, pois estarei acompanhando (nos intervalos entre uma aula e outra - coisas de leitora compulsiva, hihihihi).
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