quarta-feira, 20 de maio de 2009

Arrepender

Ato não experimentado
Pouco pensado, mal pesado
Obra de mãos insensatas com mente perturbada
Minuto perverso
No caminho da ética, desvio

Momento imponderado
Pouco meditado
Fazer não mensurado
Infortúnio dos passos
No caminho da retidão, desventura

Agora há que se rever
Nas esquinas da consciência
Vai a culpa roer os ossos
E assim se auto-julgará merecedor da pior pena
No caminho da lisura, loucura

E qual vergonha?
Querer voltar, quando não há retorno?
Desfazer o que cometido, feito está?
O mundo gira sem tecla auto-reverso
Na curva do desapontamento, que desculpa?

Nada fácil este exame
É árduo e até longo
Jamais bastará reconhecer o erro
Necessário ir além e assumi-lo com repugnância
Na curva do arrependimento, asco

Digno é o ‘arrepender’
Medíocre o lamento
muitos ou grandes são os pecados
multiplicados sete vezes sete
Na vala da vergonha, penitência

O corpo é todo súplica
Implora por graça
Tomba a fronte, purifica-se
Deseja tornar impossível praticar novo mal
No alto da flagelação, perseverança

Ser recebido como filho pródigo
Experimentar a leveza, a limpeza
Ter saciada a sede de paz
Sentir-se criatura abençoada, coroada
No caminho da reconstrução, a onda terna do perdão!

Escrito em 1999, editado em 2009.

Foto: Córrego do Lenheiro e ponte da Cadeia por Kiko Neto

3 comentários:

  1. Aplausos... por retratar de forma tão verdadeira esse sentimento irretratável!

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  2. Que alegria vc por aqui Babi! Obrigada pelos comentários! Volte sempre! Mil bjos, saudades...

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  3. Que lindo!!! Tão verdadeiro e profundo. Agradeço por ter compartilhado. beijos

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