Nós, os Sanjoanenses
Como? O que foi que você disse sobre São João del Rei? E sobre nós, os sanjoanenses? Não, não, esta herança é atávica. Penetra na pele, encharca os tecidos, unta os ossos. Os que nascemos por aqui, nas fraldas do Lenheiro, trazemos no sangue algo do adobe destes sobrados vetustos. Somos parte da cantaria destes templos, nossa voz tem o timbre de sinos, mesmo nosso resmungar soa como motetos. Em parte, somos de antes, mesmo tendo nascido depois, compreende? Como? Não, não. Não importa que o tempo tenha destruído coisas que deveriam ser eternas. Elas sobrevivem na nossa memória, palpitam. Já não nos banhamos no Rio Acima, não há mais garimpeiros nas grimpas da Serra, nas betas do Alto das Mercês, esquecemos do Calaboca, mas, de algum modo, em alguns de nós, estas lembranças vivem.
Não importa que homens tenham, na sua insensibilidade, ou ganância, destruído o que foi edificado no passado. Mesmo o que os de agora nem viram, como a arcaria do Largo Tamandaré, aquele aqueduto está em nós, os que somos sanjoanenses de fato e de direito. Não importa que tenham vendido a portada da velha Igreja de Matosinhos e demolido aquele templo com a desfaçatez dos insensíveis: os sinos daquelas torres demolidas tocam dentro de nós.
Somos assim: geneticamente barrocos, coloniais, atavicamente lúdicos, buliçosos, amamos a cantoria sagrada e a profana, somos históricos, temos 300 anos, empunhamos armas na Guerra dos Emboabas, tomamos aguardente com José Matol, sofremos com Felipe dos Santos, conspiramos com Alvarenga Peixoto, frequentamos a casa de Bárbara Eliodora, batizamos Tiradentes na Capela de São Sebastião do Rio Abaixo, da paróquia de São João del Rei, estivemos contra o Imperador em 1842; pioneiros, fixamos os trilhos da Ferrovia Oeste de Minas, por pouco não fomos escolhidos para ser a capital do Estado, manejamos as máquinas têxteis, combatemos Hitler, muitos de nós foram dissidentes no golpe de 64, tivemos um conterrâneo eleito Presidente da República...
Não importa que sejamos uma cidade relativamente pobre, de subempregos: isto não nos envergonha, pelo contrário, estimula a novas investidas, não costumamos desistir, temos auto-estima, somos felizes à nossa maneira, sem dar o braço a torcer.
Sim, somos sanjoanenses. Atavicamente bandeirantes. Geneticamente mineiros, os das Minas do ouro e diamantes.
Você ia mesmo dizendo o quê sobre São João del Rei?
Como? O que foi que você disse sobre São João del Rei? E sobre nós, os sanjoanenses? Não, não, esta herança é atávica. Penetra na pele, encharca os tecidos, unta os ossos. Os que nascemos por aqui, nas fraldas do Lenheiro, trazemos no sangue algo do adobe destes sobrados vetustos. Somos parte da cantaria destes templos, nossa voz tem o timbre de sinos, mesmo nosso resmungar soa como motetos. Em parte, somos de antes, mesmo tendo nascido depois, compreende? Como? Não, não. Não importa que o tempo tenha destruído coisas que deveriam ser eternas. Elas sobrevivem na nossa memória, palpitam. Já não nos banhamos no Rio Acima, não há mais garimpeiros nas grimpas da Serra, nas betas do Alto das Mercês, esquecemos do Calaboca, mas, de algum modo, em alguns de nós, estas lembranças vivem.
Não importa que homens tenham, na sua insensibilidade, ou ganância, destruído o que foi edificado no passado. Mesmo o que os de agora nem viram, como a arcaria do Largo Tamandaré, aquele aqueduto está em nós, os que somos sanjoanenses de fato e de direito. Não importa que tenham vendido a portada da velha Igreja de Matosinhos e demolido aquele templo com a desfaçatez dos insensíveis: os sinos daquelas torres demolidas tocam dentro de nós.
Somos assim: geneticamente barrocos, coloniais, atavicamente lúdicos, buliçosos, amamos a cantoria sagrada e a profana, somos históricos, temos 300 anos, empunhamos armas na Guerra dos Emboabas, tomamos aguardente com José Matol, sofremos com Felipe dos Santos, conspiramos com Alvarenga Peixoto, frequentamos a casa de Bárbara Eliodora, batizamos Tiradentes na Capela de São Sebastião do Rio Abaixo, da paróquia de São João del Rei, estivemos contra o Imperador em 1842; pioneiros, fixamos os trilhos da Ferrovia Oeste de Minas, por pouco não fomos escolhidos para ser a capital do Estado, manejamos as máquinas têxteis, combatemos Hitler, muitos de nós foram dissidentes no golpe de 64, tivemos um conterrâneo eleito Presidente da República...
Não importa que sejamos uma cidade relativamente pobre, de subempregos: isto não nos envergonha, pelo contrário, estimula a novas investidas, não costumamos desistir, temos auto-estima, somos felizes à nossa maneira, sem dar o braço a torcer.
Sim, somos sanjoanenses. Atavicamente bandeirantes. Geneticamente mineiros, os das Minas do ouro e diamantes.
Você ia mesmo dizendo o quê sobre São João del Rei?
Em tempo: Cesar estava estudando anatomia, disciplina do 1° período de Educação Física da Universidade de Vila Velha (UVV) num certo livro. Eu perguntei, como quem não quer nada, os autores do livro e ele respondeu. E eu, toda boba são-joanense mais bairrista impossível, revelei que o tal autor 'Dangelo', era o Jota Dangelo, da 'Festa é nossa', ele custou acreditar! =)
Foto: Largo do Rosário por Kiko Neto.
Voltei a postar fotos e links, oba!!!
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