Dividindo o ar e
rompendo as vertentes ela vem fumegando, dançando em
trilhos, há exatos 133 anos!
Impávido e estático
muro de rocha, ele espera silencioso desde sempre.
Ela anuncia sua
passagem em bruma leve das paixões que
vem dentro... E com o estridente
som de seu apito talvez faça um chamado.
Maria: Velha louca
e menina ativa, locomotiva!
À vapor, à amor é
movida, de partida, serpenteando o vale, ritmada qual batida de coração.
José: Disciplinado,
altivo, de quartzito, em tons negros e azuis, sublime elevação!
Uma grande concha
ou talvez uma onda petrificada, no seu lugar ele a vê passar em curva!
Maria, uma
composição, alguns vagões, emoções, acenos e tantas saudades.
Vai e volta, até a estação, de Tiradentes, de São João del Rei.
Vai e volta, até a estação, de Tiradentes, de São João del Rei.
Ele, quieto, admirando,
zelando, compondo a paisagem da linha de ferro. Entre os meses de agosto e
setembro, oferta a ela buquês em forma de majestosos ipês amarelos, assim é
José.
Maria,
Maria,
É
um dom,
Uma
certa magia...
em brasa
Uma
força que nos alerta...
e carrega
Uma
mulher que merece
Viver
e amar
José, José
É uma moldura
Um certo guardião
da vila
Uma fortaleza que
nos abraça e abriga
Um ser que merece
Viver e desejar
Em alguns instantes
convivem no mesmo cenário, ela fugaz, ele constante.
José e Maria, um
par divino, e entre eles um leito de rio, de nome ‘das Mortes’, é testemunha.
Eu sei, todo
são-joanense e tiradentino também, embora afastados,
eles se completam
exatamente naquela curva porque assim quis a geografia!
Maria,
Maria
É
a dose mais forte e lenta
De
uma gente que rí
Quando
deve chorar
E
não vive, apenas aguenta
José, José
Uma energia que nos
alenta
De um gigante que
chora (cachoeira)
Quando deve ser
sólido
E não caminha,
apenas enfeita
Maria é Fumaça!
José é São e também
Serra!
Apenas isso e esse trem todo!
Apenas isso e esse trem todo!
Foto1:Trilhos de Minas
Foto2:Revista Sagarana
Foto3:Luis Macedo