quinta-feira, 14 de maio de 2009

Clens e tenténs

A atriz Suely Franco, durante sua estada em São João del Rei para gravações das cenas externas do longa ‘Uma professora muito maluquinha’, comentou: “A cidade é muito bonita, as pessoas muito calorosas, mas como toca o sino!”
Ora Suely Franco, esses dobres e repiques são nossa riqueza e nosso orgulho! Para quem vive nas grandes cidades talvez seja mesmo um tanto difícil se acostumar ao ‘som’ dos sinos, há que se aguçar os ouvidos tão maltratados por buzinas de trânsito engarrafado, sirenes de todo tipo a todo instante. Claro, compreensível o impacto causado pela variedade e intensidade dos toques, clens e tenténs, mas eles nos são imperturbáveis!
Daniel e Raimundo Nonato
acordam Conceição
Francisco de Borja, presente de marechal, já dobrou
E Jerônimo repicou
Condenado e preso ficou São Pedro de Alcântara
Vem das torres tal prosa de bronze
O pequeno chama, sininho
O médio pergunta, meião
O grande responde, sinão
Principiadas e terentenas
Dobres e repiques
Cléns e tenténs
Canjica queimou e Senhora é morta
É o sineiro quem guarda esta composição no coração e traz nas mãos a arte única de tangê-los. De geração em geração, passa-se essa paixão, esse ofício.
Mas como toca o sino em São João! E como ecoa este som, no vale do Lenheiro, no corpo inteiro!
Sabe, cara Suely Franco, temos muitas missas, ofícios, batizados, novenas, tríduos, procissões, enfim muitos ritos religiosos para anunciar ao são-joanense, e utilizamos do nosso mais eficaz meio de comunicação, a linguagem dos badalos. Ainda, graças à Deus, somos povo piedoso, tradicionalmente barroco.
Tenho pra mim que a senhora Suely Franco já na sua cidade grande, vai se pegar dia desses com saudades de ouvir tocar os sinos de São João del Rei!

Foto: Detalhe da torre esquerda da Matriz de Nossa Senhora do Pilar com o relógio público holandês e o sino
Fontes: "Visita à colonial cidade de São joão del Rei"(Antônio Gaio Sobrinho), "Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar"(Luís de Melo Alvarenga)

3 comentários:

  1. O "blém blém" dos sinos, assim eu chamava, lembram minha infância na casa dos avós paternos. Era apenas uma igreja e deixou marca em minhas lembranças.

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  2. Adorei, mais uma vez!!! Também, com essa referência bibliográfica, né, rsrsrsr!!! Bjo, saudades! JU

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