quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Livre


Raio veloz, voraz, atrevido
Nasce onde não permanece e esquece
Cai onde não carecia e assombra
Clareia para desorientar ou centrar

Aonde o sol alcança a noite
De onde tange o rio debaixo da travessia travessa do arco-íris
Quando o domingo se faz curvo
Aonde aponta a impossibilidade lógica do infinito

Luz acesa, labareda, exatidão
Concordar ou não?
Revelar em versos ao som da boca
Exalar sublime na respiração

Vaga também na falta de lucidez, na admirável incerteza do sonhar
Desenhado em tela, tragado numa refeição, em obra esculpido e traduzido
Sentimento, razão, profanação, singelo ato também pecador
Refinado e natural fato, na imaginação toma forma, contorno e cor

E não obedece o corpo porque acorrentados estão teus pés
Grito que ecoa somente nas veias, ninguém escuta
Canção de melodia desencontrada que não se ouve nem sutilmente roça a pele
Uma rima que nunca virou poesia, apenas sorriu os lábios numa graça íntima

Revira os olhos, congrega as mãos, sobe a pressão e palpita o coração
É só seu se quiser, nunca se revelará completo
Mas ruborizou a face, emudeceu a boca, escapou pelos poros em raro odor
Dirigiu sem rumo num passo curto e subiu, sucumbiu, sumiu

É da janela que ele sempre decola
E nas palavras se concretiza
Nos gestos vive
Sobrevive num mergulho luxuoso em sua memória


Voa, voa pensamento!
Só porque você é livre!
Foto: Vista do mirante da Baía dos Porcos- Morro Dois Irmãos- Fernando de Noronha, por KK

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